Reforma Tributária e o IVA Dual: o que muda no sistema tributário brasileiro

September 29, 20253 min read

O sistema tributário brasileiro é amplamente reconhecido como um dos mais complexos do mundo.
Atualmente, a excessiva quantidade de normas e regulamentos torna a tributação burocrática e de difícil compreensão, tanto para empresas quanto para consumidores.


Problemas do Modelo Tributário Atual

1. Tributação na Origem

Um dos principais problemas do modelo vigente é a tributação na origem, ou seja, os impostos são cobrados no estado onde o produto é fabricado e não onde ele é consumido.
Esse sistema gera uma competição desleal entre os estados, conhecida como “guerra fiscal”, na qual cada unidade federativa busca atrair investimentos oferecendo incentivos tributários.

2. Tributação em Cascata

A tributação em cascata ocorre quando impostos são cobrados sobre outros impostos, elevando o preço final dos produtos e dificultando o planejamento tributário.
As empresas acabam pagando tributos em várias etapas da produção sem conseguir recuperar integralmente os valores pagos anteriormente.

3. Falta de Previsibilidade e Transparência

A existência de regras distintas em cada estado e município cria dificuldades para as empresas no cumprimento de suas obrigações fiscais.
Esse cenário aumenta os custos operacionais e reduz a competitividade do país no mercado global.


A Reforma Tributária e o IVA Dual

A proposta de Reforma Tributária busca solucionar esses problemas por meio da criação de um sistema mais simples, eficiente e alinhado às melhores práticas internacionais.
Um dos pilares da reforma é a implantação do IVA Dual (Imposto sobre Valor Agregado), modelo de tributação sobre o consumo já adotado em mais de 170 países.

Apesar do objetivo de simplificação, a redação final da LC 214/25 manteve tópicos que podem tornar a realidade tributária ainda mais complexa.


Componentes do IVA Dual

O modelo brasileiro será composto por dois tributos principais:

  • CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços): tributo federal que substituirá PIS, Cofins e parte do IPI.

  • IBS (Imposto sobre Bens e Serviços): tributo administrado por estados e municípios, substituindo ICMS e ISS.

Além disso, haverá o IS (Imposto Seletivo), com finalidade extrafiscal para desestimular operações que envolvam produtos prejudiciais ao meio ambiente e à saúde humana.


Principais Pilares da Reforma

  1. Simplicidade e Eficiência – Redução da burocracia e arrecadação mais justa e eficiente.

  2. Tributação no Destino – Cobrança de impostos no local de consumo, eliminando a guerra fiscal e promovendo distribuição mais equilibrada.

  3. Fim da Tributação em Cascata – Permite a recuperação integral dos créditos tributários, garantindo preços mais justos.

  4. Previsibilidade e Transparência – Unificação dos tributos com regras mais claras e padronizadas, aumentando a segurança jurídica.

  5. Competitividade Internacional – Modernização do sistema, tornando o Brasil mais atrativo para investimentos e comércio exterior.


Etapas da Implementação

A transição para o novo modelo será gradual:

  • 2026: Início do período de testes (sem recolhimento efetivo).

    • As empresas deverão destacar em nota fiscal o valor correspondente a 0,9% de CBS e 0,1% de IBS.

    • O montante poderá ser deduzido de PIS/COFINS ou compensado com outros tributos federais.

  • 2027: Extinção do PIS e da Cofins, com entrada plena da CBS.

    • IBS permanece com alíquota de 0,1%.

    • Alíquotas do IPI serão zeradas (exceto produtos da ZFM).

    • Início da cobrança do IS.

  • 2029 a 2032: Redução progressiva das alíquotas de ICMS e ISS, enquanto a alíquota do IBS aumenta gradualmente.

    • Término dos regimes especiais.

  • 2033: Extinção completa de ICMS e ISS e pleno funcionamento do novo sistema.

Essa transição busca minimizar impactos abruptos sobre empresas e governos, garantindo adaptação suave.


Conclusão: Oportunidades e Desafios

A Reforma Tributária tem o potencial de transformar profundamente o sistema tributário brasileiro, tornando-o mais simples, justo e eficiente.
A adoção do IVA Dual representa avanço ao eliminar distorções, reduzir custos operacionais e proporcionar maior transparência.

No entanto, desafios tecnológicos e operacionais são esperados.
Empresas precisarão revisar processos internos, parametrizações sistêmicas e a emissão correta de documentos fiscais.

Além disso, determinados temas ganham prioridade já em 2025, como:

  • Monetização de créditos tributários atuais

  • Revisão de estruturas operacionais e de distribuição

  • Análise de estabelecimentos envolvidos e oportunidades de M&A

  • Cadeia de suprimentos e estratégias de preços

Essas ações são essenciais para garantir que as empresas se adaptem ao novo sistema respeitando suas estratégias de negócio e de forma sustentável.


Quer mais conteúdos sobre tributação e estratégias para empresas?
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